quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

GORDURAS, INFLAMAÇÃO e ESCLEROSE MÚLTIPLA: O Que Nunca Te Contaram Sobre o Papel dos Lipídios na Mielina.

GORDURAS, INFLAMAÇÃO e ESCLEROSE MÚLTIPLA: O Que Nunca Te Contaram Sobre o Papel dos Lipídios na Mielina Quando falamos em Esclerose Múltipla (EM), a maior parte das pessoas pensa imediatamente em autoimunidade, mielina e inflamação. Poucos pensam em… gorduras. Mas deveriam. Afinal, a mielina — a “capa isolante” dos neurónios — é composta por cerca de 70% gordura. E a estabilidade dessa estrutura depende de um equilíbrio muito preciso entre diferentes tipos de lípidos. O problema? A alimentação moderna, criada em grande parte com base no medo da gordura saturada, distorceu profundamente esse equilíbrio. E essa distorção tem impacto direto na saúde do sistema nervoso central. Este artigo explica exatamente como e porquê. 1. A Mielina é Feita de Gordura — e Isso Muda Tudo A mielina é uma estrutura única. Enquanto todas as membranas celulares têm uma proporção 50/50 entre gordura e proteína, a mielina é o oposto: 70% gordura 30% proteína Isto significa que qualquer alteração sistémica no metabolismo lipídico — seja por alimentação inflamatória, deficiências nutricionais, disfunção hepática, excesso de ómega-6 ou falta de colesterol — afeta diretamente a capacidade de reparar mielina. Por outras palavras: > Não existe regeneração de mielina sem um ambiente lipídico saudável. 🌿 2. O Grande Problema: O Rácio Ómega-6 / Ómega-3 Descontrolado Nas últimas décadas, a alimentação ocidental passou de um rácio ancestral 1:1 para valores entre 15:1 e 20:1. Este excesso de ómega-6 (proveniente de óleos vegetais refinados, milho, soja, sementes industriais e animais criados com ração) cria: inflamação crónica de baixo grau maior peroxidação lipídica maior oxidação de LDL e dano endotelial ativação de microglia (inflamação cerebral) permeabilidade intestinal e hematoencefálica aumentadas Para uma doença como EM — cuja raiz é a inflamação neuroimune — este desequilíbrio é combustível puro. 3. Gordura Saturada Só é “Problema” Quando Vem do Lugar Errado Há uma enorme confusão em torno da gordura saturada. Mas quando olhamos as coisas pela lente da EM, a pergunta que realmente interessa é: > De onde vem essa gordura? Porque a gordura saturada dos animais modernos (ração, ómega-6 excessivo, ausência de pastoreio, stress metabólico) tem uma composição completamente diferente da gordura de animais criados naturalmente. Animais industriais ⇒ rácio ómega-6/ómega-3 elevadíssimo mais inflamação gordura oxidada menos nutrientes lipossolúveis (K2, CLA, DHA, vitaminas A/D) Animais de pasto ⇒ rácio natural gordura estável e anti-inflamatória muito CLA níveis adequados de vitamina K2 e antioxidantes muito mais DHA nos tecidos Ou seja: > O problema não é a gordura saturada. É a gordura saturada num contexto inflamatório. E EM é uma condição altamente sensível ao contexto inflamatório.l 4. Colesterol: O Nutriente Mais Injustiçado e o Mais Importante Para Mielina A propaganda anti-gordura também demonizou o colesterol. Mas ele é: o principal lipídio estrutural da mielina essencial para a integridade das sinapses indispensável para a plasticidade neuronal um dos pilares da modulação imunológica Baixo colesterol (ou má utilização do mesmo) está associado a: maior neuroinflamação maior vulnerabilidade oxidativa menor capacidade de remielinização pior prognóstico em várias doenças neurodegenerativas O cérebro produz colesterol… mas depende de ácidos gordos essenciais e de um ambiente metabólico estável. 5. Como a Alimentação Moderna Cria Terreno Para EM Quando juntamos tudo, vemos um padrão claro: excesso de ómega-6 falta de ómega-3 medo da gordura natural dependência de alimentos industriais défice de colesterol, DHA, K2, vitaminas lipossolúveis glicação, resistência à insulina e inflamação silenciosa Este “terreno inflamatório” aumenta: a ativação da microglia a produção de citocinas neuroinflamatórias a oxidação das membranas ricas em gordura a permeabilidade intestinal (ligada a autoimunidade) a permeabilidade hematoencefálica o ataque autoimune à mielina Isto não explica a EM por si só — mas cria as condições perfeitas para a doença progredir. 🌱 6. As Dietas Que Mostram Benefícios na EM… Surpreendem Alguém? Estudos recentes (2020–2024) mostram que pessoas com EM beneficiam de: Dieta cetogénica Wahls Protocol (versão paleo anti-inflamatória) Dietas low-carb ricas em gordura natural Dieta anti-inflamatória com eliminação de óleos vegetais industriais Dietas ricas em alimentos verdadeiros e gordura de pasto Todas têm algo em comum: removem o terreno inflamatório e restauram o ambiente lipídico necessário à mielina. Conclusão: Em Doenças Como a EM, a Qualidade da Gordura É Uma das Chaves da Remielinização A ciência moderna deixa claro: A mielina é lipídica. Os oligodendrócitos dependem de DHA, colesterol, saturados naturais e K2. A dieta moderna distorce profundamente estes pilares. A inflamação lipídica é uma das forças mais destrutivas no sistema nervoso. Restaurar a qualidade da gordura pode restaurar a capacidade de reparar mielina. Por isso, quando falamos de EM, não estamos a falar apenas de autoimunidade. Estamos a falar de bioquímica, membranas, inflamação e do terreno onde tudo acontece. E esse terreno depende diretamente da gordura que colocamos no prato. Referências Científicas Ómega-3, neuroinflamação e EM 1. Filippini et al. Omega-3 Polyunsaturated Fatty Acids in Neurological Diseases: A Clinical Overview. Cellular and Molecular Life Sciences, 2020. 2. Calder PC. Omega-3 fatty acids and inflammatory processes. Nutrients, 2010. 3. Weinstock-Guttman et al. Low-fat diet supplemented with omega-3 fatty acids improves quality of life in MS. Multiple Sclerosis Journal, 2005. Desequilíbrio ómega-6/ómega-3 e inflamação 4. Simopoulos AP. The importance of the omega-6/omega-3 ratio in chronic disease. Biomedicine & Pharmacotherapy, 2002. 5. Lands B. Dietary fat and health: the evidence and the politics. Annual Review of Nutrition, 2004. Gordura saturada e risco cardiovascular (mito) 6. Chowdhury et al. Association of dietary, circulating, and supplement fatty acids with coronary risk: systematic review and meta-analysis. Annals of Internal Medicine, 2014. 7. Siri-Tarino et al. Meta-analysis of prospective cohort studies evaluating saturated fat and cardiovascular disease. AJCN, 2010. Permeabilidade intestinal e autoimunidade 8. Fasano A. Leaky Gut and Autoimmune Diseases. Clinical Reviews in Allergy & Immunology, 2012. 9. Berer et al. Gut microbiota and MS: intestinal permeability as a trigger. Nature, 2017. Dieta cetogénica e Esclerose Múltipla 10. Choi et al. Effects of ketogenic diet on fatigue and quality of life in MS. Neurology, 2021. 11. Brenton et al. Pilot study of ketogenic diet in relapsing-remitting MS. Frontiers in Neurology, 2019. Mielina e composição lipídica 12. Chrast et al. Lipid metabolism in myelinating glial cells: lessons from human inherited disorders. Journal of Lipid Research, 2011. 13. Saher et al. High cholesterol in oligodendrocytes is required for myelin formation. Science, 2005.

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