Existe relação entre deficiência de Vitamina D e COVID-19? O que se sabe até o momento?
Existe relação entre deficiência de Vitamina D e COVID-19?
O que se sabe até o momento?
Dr. Cláudio Urbano
A COVID-19, doença causada por um novo tipo de Coronavírus originário da China, virou o mundo de ponta à cabeça. Milhões de pessoas se infectaram por esse novo vírus, levando à morte centenas de milhares de pessoas. Para ser mais exato, há no momento 3.875.995 casos confirmados e 270.404 mortes causadas por essa doença, segundo o site da Johns Hopkins University.1 Pode até parecer pouco, com uma população mundial de quase 8 bilhões de pessoas, mas proporcionalmente a mortalidade pela COVID-19 vem atingindo números alarmantes, desafia mesmo os melhores serviços de saúde ao redor do mundo. A maioria das pessoas que é infectada por esse novo tipo de coronavírus têm uma doença gripal leve, como outra virose qualquer. Porém, existem alguns grupos de risco que são mais suscetíveis a evoluir com a forma grave da doença. Estão incluídos nos grupos de risco: idosos, hipertensos, diabéticos, obesos, asmáticos e os negros.
Mas existe algo em comum que chama atenção entre todas essas pessoas que pertencem aos grupos de risco que aparentemente não tem muitas semelhanças entre si?
Todos, sem exceção, fazem parte também do grupo de risco para deficiência de Vitamina D. Pode parecer coincidência, mas os primeiros estudos sobre o papel da deficiência de Vitamina D nessa pandemia de COVID-19 já começaram a ser publicados e podem esclarecer sobre essa relação.
A análise preliminar de um estudo realizado nas Filipinas e publicado em uma plataforma de pre-prints mostra que o risco de um paciente com COVID-19 apresentar a forma mais grave da doença. Para quem não sabe, pre-print é a prévia de um estudo, antes de sua versão final e sem a revisão/avaliação por outros pesquisadores, cuja finalidade é trazer informações relevantes antes de serem publicadas em uma revista científica. Essa é uma prática cada vez mais comum no meio científico, que se intensificou durante essa pandemia causada pelo coronavírus, pois informações importantes podem ajudar os médicos a tomarem decisões que podem salvar vidas. Mas voltando ao estudo realizado nas Filipinas, foi realizado uma análise retrospectiva de 212 pessoas que foram diagnosticados com COVID-19.2 O pesquisador estabeleceu critérios de gravidade da doença em leve, moderado, grave e crítico. Depois disso, dividiu os participantes do estudo em 3 grupos. O primeiro grupo daqueles que tinham deficiência de Vitamina D (níveis de 25-hidroxivitamina D < que 20 ng/mL), o segundo grupo daqueles que tinham insuficiência de Vitamina D(níveis de 25-hidroxivitamina D entre 20-30 ng/mL) e o terceiro daqueles que tinham níveis normais de 25-hidroxivitamina D.
Só para te situar, 25-hidroxivitamina D é a substância que pode ser dosada no sangue das pessoas e mostra como está o estoque de Vitamina D no organismo.
Agora o mais importante, quais foram os resultados desse estudo relacionando os níveis de vitamina D com chance de evoluir para formas mais graves de COVID-19?
Em primeiro lugar, esse estudo mostrou que o nível médio de 25-hidroxivitamina D dos participantes da pesquisa era de 23,8 ng/mL e que 74,1% deles tinham hipovitaminose D. Quando foi realizada uma análise comparativa entre os grupos com deficiência, insuficiência e níveis normais de Vitamina D quanto à gravidade da doença, se observou que 72,8% dos pacientes do grupo com deficiência de Vitamina D tiveram um quadro clínico grave (aqueles que evoluíram com baixa oxigenação no sangue e precisaram de oxigênio) ou crítico (aqueles que precisaram ser internados em uma unidade de terapia intensiva). Já no grupo das pessoas com insuficiência de Vitamina D, 55,1% das pessoas tiveram um quadro clínico grave ou crítico, e naqueles com níveis normais de Vitamina D no organismo, apenas 7,2% evoluíram com quadro clínico grave ou crítico. Todas essas diferenças foram estatisticamente significantes (p<0.001), ou seja, não ocorreram por acaso.
Um segundo estudo realizado na Indonésia, em publicação preliminar, teve como objetivo verificar a relação entre deficiência de Vitamina D e risco de mortalidade pela COVID-19. Assim como o estudo anterior, foram usados os mesmos critérios para estabelecer o que era considerado deficiência, insuficiência e níveis normais de Vitamina D. Foi realizada uma análise retrospectiva de 780 pessoas que tiveram diagnóstico confirmado de COVID-19, mostrando que o risco de morte por COVID-19 é 10,12 vezes maior naqueles que tinham deficiência de Vitamina D e 7,63 vezes maior naqueles que tinham insuficiência de Vitamina D, após ajuste para idade, sexo e presença de comorbidades (outras doenças prévias). Sem esses ajustes, o risco de mortalidade por COVID 19 foi 19,12 vezes maior na deficiência de Vitamina D e 12,55 vezes maior na insuficiência de Vitamina D.
Em resumo, esses estudos mostram que níveis inadequados de Vitamina D aumentam a chance de evoluir com complicações e morte pela COVID-19. Por isso é extremamente importante manter níveis adequados de Vitamina D, seja pela exposição solar ou pela suplementação se o indivíduo fizer parte do grupo de risco para deficiência de Vitamina D. Diferente do que muitos especialistas falam, infelizmente a Vitamina D não é encontrada em quantidades suficientes nos alimentos, por isso há necessidade de se adquirir essa vitamina através da exposição solar, produzindo essa substância naturalmente através da pele, ou através de suplementação, principalmente nos grupos que tem maior dificuldade em manter os níveis normais de Vitamina D, que incluiem idosos, obesos e negros. Indivíduos desses grupos dificilmente conseguem suprir suas necessidades diárias dessa vitamina por não conseguirem produzir Vitamina D em quantidades suficientes pela exposição solar, mas isso é uma conversa para outro post. Vários estudos com sobre Vitamina D e COVID-19 estão em andamento e em breve teremos mais informações relevantes sobre esse tema.
Mas existe algo em comum que chama atenção entre todas essas pessoas que pertencem aos grupos de risco que aparentemente não tem muitas semelhanças entre si?
Todos, sem exceção, fazem parte também do grupo de risco para deficiência de Vitamina D. Pode parecer coincidência, mas os primeiros estudos sobre o papel da deficiência de Vitamina D nessa pandemia de COVID-19 já começaram a ser publicados e podem esclarecer sobre essa relação.
A análise preliminar de um estudo realizado nas Filipinas e publicado em uma plataforma de pre-prints mostra que o risco de um paciente com COVID-19 apresentar a forma mais grave da doença. Para quem não sabe, pre-print é a prévia de um estudo, antes de sua versão final e sem a revisão/avaliação por outros pesquisadores, cuja finalidade é trazer informações relevantes antes de serem publicadas em uma revista científica. Essa é uma prática cada vez mais comum no meio científico, que se intensificou durante essa pandemia causada pelo coronavírus, pois informações importantes podem ajudar os médicos a tomarem decisões que podem salvar vidas. Mas voltando ao estudo realizado nas Filipinas, foi realizado uma análise retrospectiva de 212 pessoas que foram diagnosticados com COVID-19.2 O pesquisador estabeleceu critérios de gravidade da doença em leve, moderado, grave e crítico. Depois disso, dividiu os participantes do estudo em 3 grupos. O primeiro grupo daqueles que tinham deficiência de Vitamina D (níveis de 25-hidroxivitamina D < que 20 ng/mL), o segundo grupo daqueles que tinham insuficiência de Vitamina D(níveis de 25-hidroxivitamina D entre 20-30 ng/mL) e o terceiro daqueles que tinham níveis normais de 25-hidroxivitamina D.
Só para te situar, 25-hidroxivitamina D é a substância que pode ser dosada no sangue das pessoas e mostra como está o estoque de Vitamina D no organismo.
Agora o mais importante, quais foram os resultados desse estudo relacionando os níveis de vitamina D com chance de evoluir para formas mais graves de COVID-19?
Em primeiro lugar, esse estudo mostrou que o nível médio de 25-hidroxivitamina D dos participantes da pesquisa era de 23,8 ng/mL e que 74,1% deles tinham hipovitaminose D. Quando foi realizada uma análise comparativa entre os grupos com deficiência, insuficiência e níveis normais de Vitamina D quanto à gravidade da doença, se observou que 72,8% dos pacientes do grupo com deficiência de Vitamina D tiveram um quadro clínico grave (aqueles que evoluíram com baixa oxigenação no sangue e precisaram de oxigênio) ou crítico (aqueles que precisaram ser internados em uma unidade de terapia intensiva). Já no grupo das pessoas com insuficiência de Vitamina D, 55,1% das pessoas tiveram um quadro clínico grave ou crítico, e naqueles com níveis normais de Vitamina D no organismo, apenas 7,2% evoluíram com quadro clínico grave ou crítico. Todas essas diferenças foram estatisticamente significantes (p<0.001), ou seja, não ocorreram por acaso.
Um segundo estudo realizado na Indonésia, em publicação preliminar, teve como objetivo verificar a relação entre deficiência de Vitamina D e risco de mortalidade pela COVID-19. Assim como o estudo anterior, foram usados os mesmos critérios para estabelecer o que era considerado deficiência, insuficiência e níveis normais de Vitamina D. Foi realizada uma análise retrospectiva de 780 pessoas que tiveram diagnóstico confirmado de COVID-19, mostrando que o risco de morte por COVID-19 é 10,12 vezes maior naqueles que tinham deficiência de Vitamina D e 7,63 vezes maior naqueles que tinham insuficiência de Vitamina D, após ajuste para idade, sexo e presença de comorbidades (outras doenças prévias). Sem esses ajustes, o risco de mortalidade por COVID 19 foi 19,12 vezes maior na deficiência de Vitamina D e 12,55 vezes maior na insuficiência de Vitamina D.
Em resumo, esses estudos mostram que níveis inadequados de Vitamina D aumentam a chance de evoluir com complicações e morte pela COVID-19. Por isso é extremamente importante manter níveis adequados de Vitamina D, seja pela exposição solar ou pela suplementação se o indivíduo fizer parte do grupo de risco para deficiência de Vitamina D. Diferente do que muitos especialistas falam, infelizmente a Vitamina D não é encontrada em quantidades suficientes nos alimentos, por isso há necessidade de se adquirir essa vitamina através da exposição solar, produzindo essa substância naturalmente através da pele, ou através de suplementação, principalmente nos grupos que tem maior dificuldade em manter os níveis normais de Vitamina D, que incluiem idosos, obesos e negros. Indivíduos desses grupos dificilmente conseguem suprir suas necessidades diárias dessa vitamina por não conseguirem produzir Vitamina D em quantidades suficientes pela exposição solar, mas isso é uma conversa para outro post. Vários estudos com sobre Vitamina D e COVID-19 estão em andamento e em breve teremos mais informações relevantes sobre esse tema.
Referências bibliográficas:
1 - Site sobre COVID da Universidade John Hopkins
2- Estudo realizado nas Filipinas.
Alipio, Mark, Vitamin D Supplementation Could Possibly Improve Clinical Outcomes of Patients Infected with Coronavirus-2019 (COVID-19) (April 9, 2020). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3571484 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3571484
3- Estudo realizado na Indonésia
Raharusun, Prabowo and Priambada, Sadiah and Budiarti, Cahni and Agung, Erdie and Budi, Cipta, Patterns of COVID-19 Mortality and Vitamin D: An Indonesian Study (April 26, 2020). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3585561 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3585561
O intuito da página “Falando sobre vitaminas e minerais” não é promover automedicação e sim trazer informações relevantes para as pessoas que se interessam pelo assunto. Caso necessário, procure o médico da sua confiança para verificar e corrigir os níveis de vitamina D, se esse for o seu caso.
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