SOLARIZAÇÃO QUE DESINFETA.
Solarização que desinfeta
A simplicidade da ideia de usar os raios solares para a desinfecção da água tem aquele toque de gênio que faz com que todos queiram saber porque nunca se pensou nisso antes. Certamente parece ser mais prático para uma boa dona de casa do Terceiro Mundo deixar algumas garrafas de água no sol por um dia, do que usar lenha valiosa e cada vez mais escassa para fervê-la.
O método consiste em deixar a água ou a solução para reidratação oral no sol durante várias horas, em recipientes de vidro incolor ou de plástico transparente (1). O método também é eficaz em dias parcialmente nublados, embora seja então necessário mais tempo de exposição. Os autores (2-3) sugerem que - para maior segurança e para evitar a necessidade de medição precisa - as donas de casa devem ser aconselhadas a expor a água desde a manhã (o mais cedo possível) até o final da tarde. A água pode, então, ser armazenada no mesmo recipiente por um ou dois dias.
Fontes: UNICEF e Wilkipédia
O livro-manual Solar disinfection of drinking water and oral rehydration solutions (Desinfecção solar de água potável e de soluções para reidratação oral) de Aftaim Acra e outros, se dirige ao pessoal de atenção primária e aos envolvidos em programas nacionais de controle da diarreia. É particularmente adequado para pessoas com boa escolaridade, pois o pessoal do campo, se de baixa escolaridade, pode achar a linguagem um pouco difícil e algumas explicações teóricas desnecessárias ou confusas.
Desinfecção solar da água ou SODIS (SOlar water DISinfection) é um método de desinfecção da água de baixo custo que utiliza o raios ultravioleta (UV) do SOL e garrafas de vidro (ideal) ou plásticas do tipo pet recicladas (situações emergenciais) transparentes e incolor. E quanto mais fina as paredes, mais eficiente a desinfecção pela melhor penetração dos raios UV. Segundo trabalhos de pesquisa o método inativa as seguintes bactérias: Escherichia coli, Vibrio cholerae, Streptococcus faecalis, Pseudomonas aeruginosa, Shigella flexneri, Salmonella typhi, Salmonella enteritidis,Salmonella paratyphi e alguns vírus, tais como: bacteriófago f2, rotavírus, vírus da encefalomiocardite, e oocistos de Cryptosporidium SP.
O efeito da luz solar sobre vibriões de cólera, vírus e cistos amebianos não foi estudado. Embora possa ter algum efeito sobre os dois primeiros, é menos provável que possa matar amebas. Mas, o principal objetivo do método consiste em remover os agentes patogênicos que podem se multiplicar na solução de reidratação oral e a chance de isto acontecer com as amebas é pequena.
IMPORTANTE LEMBRAR
No caso de águas contaminadas é fundamental
a transparência, o incolor e a menor espessura possível
para facilitar a penetração dos raios solares.
a transparência, o incolor e a menor espessura possível
para facilitar a penetração dos raios solares.
A exposição feita em garrafas coloridas (com exceção da cor azul clara)
é bem menos eficiente.
é bem menos eficiente.
Uma questão mais séria, ainda sem resposta, diz respeito à eficácia do método em água turva, porque a luz solar é dissipada e as bactérias podem ser protegidas por partículas sólidas. Neste caso, o recomendável seria filtrar esta água com um sistema de pedras, seixos e areia. Saiba mais em Bendita Água.
Vejamos os efeitos atribuídos à radiação que contribuem para a inativação de microorganismos patogênicos:
- Raios UV-A - interferem diretamente com o metabolismo e destroem as estruturas celulares das bactérias.
- Raios UV-A (320-400 nm) - reagem com o oxigênio dissolvido na água e produzem formas altamente reativas de oxigênio (radicais livres de oxigênio e peróxidos de hidrogênio), que acredita-se causem danos aos patógenos.
- A radiação infravermelha (IV) aquece a água. Se a temperatura da água sobe acima de 5 graus Celsius, o processo de desinfecção é três vezes mais rápido.
- Alguns autores atribuem também como fator de inativação bacteriana o efeito ocasionado pela temperatura, radiação e anaerobiose da água. Neste caso, o O2 (oxigênio) transforma-se em O3 (ozônio).
Escreveu o Prof. David Morley, do Instituto de Saúde Infantil de Londres, no Lancet Journal em setembro de 1958: é difícil obter água potável após um desastre natural como uma enchente ou um terremoto. Existe uma maneira de purificar a água que poderia ser facilmente utilizada em países tropicais.
Quando ocorre uma catástrofe, as pessoas precisam ser encorajadas a expor o suprimento de água ao sol forte da manhã, em tigelas abertas, garrafas de plástico, vidro transparente e incolor ou até mesmo em sacos plásticos. A exposição feita em garrafas coloridas (com exceção da cor azul clara) é bem menos eficiente. Durante a noite esta água purificada esfria dentro de casa, tornando-se uma fonte relativamente limpa de água potável para o dia seguinte - sem necessidade de assistência "internacional".
BIBLIOGRAFIA
(2) Solar disinfection of drinking water and oral rehydration solutions - Aftaim Acra et all. UNICEF - Amã, Jordânia.
(3) Acra A., Karahagopian Y., Raffoul Z., Dajani R. Disinfection of oral rehydration solutions by sunlight. Lancet 1980; 1257.
Revista ComTAPS - número 1/1990 - www.taps.org.br / Wilkipédia
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